terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

VIAJEM A UTGARD




Esta história iniciou-se quando Ökuþórr (“Thor das carruagens”) se encontrava em uma longa jornada, com seus cavalos e sua carruagem, e com ele o deus a que chamam Loki. Quando, em um entardecer, chegaram a um fazendeiro, pediram-lhe albergue para uma noite. Ao anoitecer, Þórr (Thor) foi até seus cavalos e chacinou-os arrancando-lhes as peles e colocando-os em uma caldeira. Quando ficaram cozidos, Þórr e seu companheiro se sentaram para a refeição e convidaram o fazendeiro, sua esposa e seus filhos a acompanhá-los. O filho do fazendeiro era chamado Þjálfi (Thialfi), e a filha, Röskva.
Þórr retirou as peles do fogo e disse ao camponês e sua família que depositassem os ossos sobre as peles. Þjálfi, o filho do fazendeiro, agarrou firmemente o fêmur de um dos cavalos e cortou-o com sua faca, quebrando-o até a medula.
Þórr passou ali aquela noite e pouco antes do amanhecer já havia se levantado e se vestido. Ergueu o martelo Mjöllnir e consagrou as peles dos cavalos. Os cavalos então se levantaram. Porém, um deles mancava de uma perna; Þórr percebeu e declarou ao fazendeiro e sua família que não haviam sido bastante atenciosos com os ossos – ele sabia que o fêmur estava partido. Não é necessário alongar esta história, pois qualquer um pode imaginar o quanto o fazendeiro se aterrorizou ao ver Þórr deitar suas sombrancelhas sobre seus olhos – e quando Þórr dá a seus olhos tal movimento, tem-se a nítida impressão de que, de um só olhar, tombar-se-á morto. Þórr alçou seu martelo de tal modo que as juntas [de seus dedos] se empalideceram, mas o fazendeiro e sua família tomaram a atitude que deves estar a imaginar: gritaram, imploraram por piedade, e ofereceram-lhe compensação com tudo aquilo que possuíam. Quando Þórr percebeu aquele terror, abandonou sua fúria e acalmou-se, aceitando pela reconciliação as duas crianças, Þjálfi e Röskva. Desse dia em diante, estes se tornaram seus servos e o seguiram para sempre.
  
De Skrýmir  
     
Então, [Þórr] deixou seus cavalos e segui viagem em direção leste, até Jötunheimr, seguindo o caminho do mar sobre o oceano profundo. Ao avistar terra, encontrava-se de Loki, Þjálfi e Röskva. Não haviam andado muito até atingirem um bosque, e caminharam por um dia inteiro até escurecer. Þjálfi, que poderia correr mais rápido que qualquer um, carregava consigo a bolsa de Þórr. Mas eles não possuíam muitos alimentos.
Quando escureceu, procuraram um local onde poderiam pernoitar, e chegaram a um enorme palácio que tinha uma porta aberta, tão alta quanto o próprio palácio. Eles dividiram aquela noite em quartos de hora, mas à meia-noite um grande terremoto; a terra tremia sob eles e todo o lugar sacudia. Þórr se levantou, despertou seus companheiros e, após uma busca, descobriram um quarto à direita, no centro do palácio, e entraram. Þórr se sentou na entrada, mas os outros estavam tão aterrorizados que apenas conseguiam seguir [seus movimentos]. Ele agarrava firmemente o punho de seu martelo, determinado a defender-se. Então, ouviram uma enorme ressonância de estrondos.
Ao amanhecer, Þórr saiu e avistou um homem – que não era nada pequeno – caído perto do bosque. Estava dormindo e roncava fortemente. Ao compreender que aqueles eram os ruídos que ouvira durante a noite, Þórr afivelou seu cinturão de força,e seu poder cresceu. Todavia, nesse exato momento, o homem despertou e levantou-se rapidamente. Pela primeira vez, viu-se Þórr por demais sobressaltado para desferir um único golpe com seu martelo e, assim, perguntou [ao homem] seu nome. Este respondeu ser Skrýmir e “não há necessidade de argüir teu nome”, disse ele, “pois sei que és Ásaþórr (“Thor dos Æsir”). Por acaso estás com minha luva?” ergueu sua mão e mostrou sua luva e, desse modo, Þórr percebeu que era o local onde passara a noite e que o quarto onde estivera era um polegar.  
Skrýmir perguntou a Þórr se gostaria de sua companhia; Þórr respondeu-lhe que sim. Skrýmir desfez sua bolsa de provisões e preparou-se para uma refeição, mas Þórr lhe informou que já haviam escolhido um outro local [para comer]. Skrýmir sugeriu que juntassem as provisões e Þórr consentiu. Então, skrýmir enfiou todas as provisões na bolsa e jogou-a às costas.
Seguiram em frente em largas passadas e, ao fim do entardecer, encontraram um bom local para pernoitar, abaixo de um grande carvalho. Skrýmir disse a Þórr, então, que desejava deitar-se e dormir, “mas peguem a bolsa de provisões e façam suas refeições”. No minuto seguinte skrýmir estava dormindo e roncando muito alto. Þórr pegou a bolsa de provisões com a intenção de desatá-la, mas, por incrível que pareça, deve ser dito que era incapaz de desfazer um só nó, ou mesmo afrouxar a ponta da correia, que permaneceu atada do mesmo modo que antes. Ele percebeu que estava a perder seu tempo e, enfurecendo-se, agarrou o martelo Mjöllnir com ambas as mãos e foi até onde Skrýmir dormia, golpeando-o na cabeça.      
Skrýmir despertou, perguntando-lhe se alguma folha do carvalho havia caído sobre sua cabeça e se todos já haviam se alimentado, estando prontos para dormir. Þórr respondeu-lhe que sim, e foram para baixo de outro carvalho. Para dizer-te a verdade, eles estavam muito amedrontados para dormir; mas à meia-noite, Þórr ouvia Skrýmir roncando tão alto que o bosque inteiro ressonava. Þórr se levantou, ergueu poderosamente seu martelo, e golpeou [Skrýmir] no meio da fronte, sentindo que o martelo afundava direto em sua cabeça. Imediatamente, Skrýmir se levantou e perguntou: “O que houve agora? Caiu um fruto em minha cabeça? Ocorreu algo a ti, Þórr?” Þórr, entretanto, rapidamente retrocedeu, dizendo que acabara de acordar, que estavam no meio da noite e que ainda tinha algum tempo para repousar. Contudo, ele pensou que, se tivesse oportunidade para golpeá-lo uma terceira vez, ele não sobreviveria, e assim permaneceu, a esperar que Skrýmir adormecesse.
Pouco antes do amanhecer, [Þórr] percebeu, pelo que ouvia, que Skrýmir já havia adormecido. Levantou-se e foi até ele, erguendo o martelo com toda sua força e agredindo-o na têmpora que estava voltada para cima. O martelo foi enterrado até o punho, mas Skrýmir apenas despertou e sacudiu sua cabeça, perguntando: “Existem pássaros sobre mim? Pareceu-me ao acordar, que alguns ramos caíram sobre minha cabeça. Já estás desperto Þórr? É hora de se levantar e de se vestir. Não deveis estar longe, porém, de alcançar a fortaleza conhecida como Útgarðr (Utgard). Ouvi que sussurráveis sobre o fato de eu não ser um homem pequeno, mas se chegardes até Útgarðr, observareis que homens maiores existem lá. Dar-vos-ei um conselho, porém: não vos comporteis de modo arrogante; os soldados de Útgarðrloki não tolerarão arrogância de insignificantes como vós. Vosso outro rumo seria o caminho de volta, que em minha opinião, seria o mais aconselhável. Porém, caso desejais seguir em direção leste, eu me dirigirei ao norte, àquelas montanhas que podeis avistar.”
Skrýmir pegou sua bolsa de provisões e jogou-a às costas, voltando-se bruscamente em direção ao bosque e deixando-os para trás. Não é relatado que os Æsir tenham demonstrado qualquer desejo de reencontrá-lo.
Þórr e seus companheiros seguiram seu caminho e andaram até o meio-dia. Então, avistaram uma fortificação sobre uma planície e tiveram que virar seus pescoços sobre seus ombros para que pudessem observá-la em toda sua altura. Foram até a fortificação e encontraram um grande portal fechado na sua entrada; Þórr forçou-o, mas não conseguiu abri-lo. Tentaram de todos os modos ingressar na fortaleza, mas só o conseguiram ao se comprimirem entre as barras do portal.
                 

De Utgard

  
Avistaram um imponente palácio e dirigiram-se a ele. Seu portal estava aberto e, ao entrarem, viram vários homens, em sua maioria, muito grandes, sentados em dois bancos. Em seguida, chegaram ao rei Útgarðrloki e o saudaram, mas isso ocorreu um pouco antes de que ele os notasse. Ele sorriu sarcasticamente para eles e disse: “Novidades viajam lentamente através de longas distâncias, ou estarei incorreto ao afirmar que este fedelho seja ÖkuÞórr? Creio que deves ser mais forte do que pareces. Quais habilidades pensam tu e teus companheiros dominar? Não permitimos que alguém que não domine alguma arte ou possua algum conhecimento permaneça entre nós.”
E aquele que seguia por último, conhecido como Loki, disse: “Possuo um conhecimento com o qual estou pronto a ser posto à prova; não há aqui alguém que possa comer mais rápido do que eu.” Útgarðrloki respondeu: “Será um feito se tu o provares, e poremos isto à prova.” E chamou o que se sentava no fim de um dos bancos, aquele que os homens chamam Logi, e que agora deveria descer ao pátio em frente à guarda e posicionar-se á frente de Loki.
Então um trincho foi preparado, trazido ao pátio e enchido de carne. Loki se sentou em uma ponta e Logi em outra, e cada um comeu o mais rápido que pôde. Encontraram-se ao centro do trincho, e Loki havia deixado apenas os ossos de sua carne, mas Logi havia devorado não apenas sua carne, mas [também] os ossos e o trincho. A todos pareceu que Loki havia perdido seu intento.
Então, perguntou Útgarðrloki o que o mais jovem poderia fazer. Þjálfi disse que poderia disputar uma corrida com qualquer um que Útgarðrloki designasse. Útgarðrloki disse que esta seria uma boa arte e que [Þjálfi] teria de ser muito hábil para praticá-la, concordando que ele fosse submetido à prova. Então, Útgarðrloki se levantou e saiu; ali, em campo aberto, havia uma excelente pista de corrida. Útgarðrloki chamou um rapaz chamado Hugi e ordenou que corresse com Þjálfi. Na primeira corrida Hugi foi tão à frente que virou-se no final da pista para encontrar Þjálfi.
 Útgarðrloki disse: “Þjálfi, terás de esforçar-te um pouco mais se quiseres ganhar a disputa, ainda que seja verdade que nenhum homem, que aqui tenha estado, tivesse pés mais velozes que os teus.”
Correram, assim, uma segunda corrida e, dessa vez, quando Hugi chegou ao fim e se virou, Þjálfi estava atrás a uma distância de um longo tiro de flecha. Útgarðrloki disse: “Acredito que Þjálfi seja um bom corredor mas não creio que venha a vencer agora. É o que veremos, no entanto, ao disputarem uma terceira corrida.” Então, disputaram ainda em outra corrida. Hugi já havia chegado ao fim e se virado, mas Þjálfi ainda se encontrava no meio da pista; e todos disseram que a competição estava terminada.
Assim, Útgarðrloki perguntou a Þórr qual habilidade ele estaria disposto a demonstrar, uma vez que todos narravam as lendas sobre seus magníficos feitos. Þórr respondeu que preferiria competir com qualquer um, bebendo. Útgarðrloki concordou que assim poderia ser; entrou no palácio e chamou seu copeiro, que trouxe um corno, do qual seu exército estava acostumado a beber. O copeiro foi até Þórr e colocou o corno em sua mão. Útgarðrloki comentou: “Acreditamos que beber bem seja fazê-lo de um só trago neste corno. Alguns homens precisam de dois para esvaziá-lo, mas não há um bebedor tão ruim que não o esvazie em três tragos.” Þórr olhou para o corno e não o considerou muito fundo, embora fosse um pouco largo; e ele estava com muita sede. Começou bebendo em grandes goles, acreditando que não necessitaria virar o corno por mais de uma vez. Porém, quando sua respiração fraquejou, ele ergueu sua cabeça para observar que progresso havia sido feito, e pareceu-lhe que muito pouco havia baixado no corno em relação a antes.   
Então, Útgarðrloki disse: “Bebeste bem, mas não muito. Jamais teria acreditado, se a mim fosse relatado, que Ásaþórr não pudesse dar maior trago. No entanto. Sei que irás esvaziá-lo com um segundo gole. Þórr não respondeu; colocou o corno em sua boca com intenção de dar um gole maior e de se esforçar para beber até sua respiração findar, quando percebeu que a ponta do corno não se levantava tanto quanto desejava. Ao tirar o corno da boca e olhar para o seu interior, pareceu-lhe que havia esvaziado ainda menos que antes e que o espaço entre a bebida e a borda só permitia que carregasse o corno sem que este transbordasse.
Útgarðrloki disse: “E agora, Þórr? Estás a reservar algum trago? Parece-me que se quiseres esvaziar o corno com um terceiro gole, este deverá ser o maior. Como vês, não serás considerado tão poderoso entre nós quanto és pelos Æsir, a não ser que dês mais de ti em outros jogos do que parece-me que estás a dar neste.”
Então, Þórr se enfureceu e pôs o corno em sua boca, dando um trago gigantesco; quando olhou para ele, observou que o nível havia descido muito pouco. Desse modo, ele desistiu do corno, não mais voltando a beber.
Útgarðrloki comentou: “Está evidente que teu poder não é tão grande quanto imaginávamos. Não desejas, contudo, competir em outros jogos? Ficou claro que nesse não levaste vantagem alguma.” Þórr respondeu: “Ainda posso disputar outros jogos. Estranho, mas quando estava em casa entre os Æsir, considerava bebidas, como essa, pequenas. Qual jogo queres oferecer-me agora?”
Então, disse Útgarðrloki: “Os jovens daqui fazem algo pouco valoroso, que é erguer meu ato do solo. Mas eu jamais viria a sugerir tal coisa a Ásaþórr, se não percebesse que ele não era tão poderoso quanto eu pensava que fosse.” Surgiu, então, um gato cinzento, que saltou ao solo do palácio, e era [um gato] bem grande. Þórr foi até ele, envolveu-o com o braço, segurando-o pela barriga, e levantou-o; mas o gato arqueava-se à medida em que Þórr erguia seu braço. Quando Þórr o levantou o mais alto que pôde, ele tirou apenas uma de suas patas [do solo] e isso foi tudo queÞórr conseguiu no desafio.
Útgarðrloki disse: “Isso se segui como eu suspeitava. O gato é bastante grande, mas Þórr é baixo e pequeno comparado a qualquer homem que aqui se encontra”.
Þórr disse: “Podes chamar-me de pequeno, mas permita que um dos seus venha a combater comigo, pois agora estou em fúria.”
Útgarðrloki disse, olhando para o banco: “Não conheço pessoa alguma aqui que seja recomendada a duelar contigo.” E acrescentou: “Espere um momento, chamai aqui minha velha madrasta Elli, e deixai que Þórr com ela duele, se assim o desejar. Ela já derrotou homens que me pareceram mais fortes que Þórr.”
Assim entrou uma anciã no palácio e Útgarðrloki disse a ela que deveria lutar com Ásaþórr. Não é necessário que esta história por demais se prolongue. Quanto mais violentos se tornavam os ataques de Þórr, mais a anciã parecia firme ao solo. Então, quando a velha procurou agarrá-lo, Þórr perdeu o equilíbrio e foi um choque tão violento que não tardou para que caísse sobre um calcanhar. Desse modo, Útgarðrloki foi até eles e disse-lhes que cessassem a disputa, argumentando que não havia necessidade de que Þórr combatesse com qualquer um de seus súditos. Assim chegou o anoitecer e Útgarðrloki indicou a Þórr e seus companheiros onde deveriam alojar-se, e ali passaram aquela noite, tratados com grande hospitalidade.
Logo que o dia seguinte amanheceu, Þórr e seus companheiros se levantaram, prontos para partir. Útgarðrloki mostrou-lhes uma mesa servida para eles e não faltou fartura de comida e bebida. Quando terminaram a refeição, partiram em sua jornada e Útgarðrloki os acompanhou ao saírem da fortaleza. Ele se despediu de Þórr, perguntando como havia sido sua jornada e se já havia encontrado antes algum homem que possuísse mais poderes do que ele [Útgarðrloki]. Þórr lhe respondeu que não poderia afirmar se fora tão envergonhado como daquela vez em alguma outra disputa, “mas sei que farás pouco de mim e não gosto disso.”  
Então, disse Útgarðrloki: “Agora que saístes da fortaleza, contar-vos-ei toda a verdade. Se eu ainda viver e se de minha vontade depender, tu [Þórr] jamais voltarás a lá ingressar e, te digo, que se eu soubesse o poder que possuis, jamais permitiria que lá ingressasses, pois quase nos causaste um desastre. Tive de te enganar com alguns feitiços. A primeira vez foi quanto te encontrei no bosque, e tentavas desatar a bolsa de provisões. Eu a havia atado com um elo de fero e não descobriste onde abri-la. Após isso, desferiste-me três golpes com o martelo; o mais franco foi o primeiro, embora, se me tivesse acertado, teria causado minha morte. Onde viste uma formação rochosa, perto de minha fortaleza, na qual havia três marcas quadradas – sendo uma delas muito funda – eram aquelas as marcas de teu martelo. Eu coloquei a rocha à frente de teus golpes, mas não a viste. O mesmo ocorreu nas disputas com os súditos. O primeiro foi Loki, que estava faminto e comeu muito rápido. Mas o homem chamado Logi era o fogo, e queimou velozmente tanto o trincho como a carne. E quando Þjálfi correu contra o chamado Hugi, era este meu pensamento, e Þjálfi não poderia esperar competir em velocidade com ele. E quando bebeste do corno, acreditando estar por demais lento, te digo, eu jamais acreditaria que tal milagre fosse possível, pois a outra extremidade do corno se encontrava no mar, embora não houvesses percebido e, agora, se chegares ao oceano, verás o quanto fizeste baixar. A isso chama-se hoje baixa-mar”.
E continuou: “Não menos admirável achei, quando ergueste o gato; para dizer-te a verdade, qualquer um ficaria terrificado quando levantaste uma de suas patas do solo. O gato não era o que parecia ser, era a serpente de Miðgarðr (Midgard), que jaz ao redor do mundo e que da cabeça à cauda é longa o bastante para envolver a Terra. Ergueste-a tão alto que não ficou a longa distância do céu. Também foi magnífico o duelo, no qual tanto tempo suportaste, somente caindo sobre um calcanhar ao agredir Elli, pois nunca houve e nunca haverá alguém que não seja derrubado pela velhice. E, agora, de fato, nós estamos de partida, e será melhor para ambos que jamais tornes a me ver. Devo partir em defesa de minha fortaleza, com estes ou outros encantamentos, de modo que não terás poder algum sobre mim.”
E quando Þórr ouviu esta história, agarrou seu martelo e brandiu-o nos ares; mas, no momento em que estava para desferir o golpe, não mais viu Útgarðrloki. Então, voltou-se para a fortaleza com intenção de destruí-la, e não mais a viu – somente vastas e belas planícies. Retornou sua jornada, no caminho de volta a Þrúðvangar (Thrudvangar). Para dizer-te a verdade, ele estava disposto a comprovar se realmente poderia combater a serpente de Miðgarðr, como ao fim se sucedeu. Não creio que qualquer outro homem possa contar-te mais sobre esta jornada de Þórr.

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