terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Parte 2

2 - Anel Mágico



Wieland passou a viver numa das fazendas de seu falecido pai, juntamente com seus irmãos. Cada um dos irmãos encontrou uma mulher, mas Wieland não se casou. Interessava-se apenas pela arte de ferreiro. A primeira coisa que fez foram cem anéis iguais ao anel mágico, a coisa mais preciosa que possuía. Assim ninguém conseguiria distinguir o anel verdadeiro dos falsos. Isso feito, pendurou-os todos num arame. Sabia que a notícia de que possuía um anel mágico espalharam-se misteriosamente por toda parte e que os ladrões, e mesmo os mais poderosos reis, invejavam-no e cobiçavam esse tesouro. Apenas Wieland sabia distinguir o verdadeiro anel entre os cem outros falsos.  
Nessa época o povo dos Niaros, que vivia bem ao norte, era governado por um rei chamado Nidung. Mais tarde os Niaros extinguiram-se e deles não sobreviveu ninguém. O rei Nidung tinha uma linda filha chamada Batilde e dois filhos menores. Nidung amava tanto a filha que colocava aos seus pés todas as riquezas do mundo e todo e qualquer desejo da filha ele tentava satisfazer. Ela ouvira falar no anel mágico do ferreiro Wieland, que morava em outro país, pois Wieland era tão famoso como ferreiro quanto o seu misterioso anel. Batilde queria o anel e diariamente molestava o pai com seu pedido. 
- Está bem -dizia o rei Nidung. - Vou-lhe trazer o anel, mesmo se tiver que roubá-lo. Mas como vou reconhecer o anel, se Wieland colocou cem anéis idênticos no mesmo arame? 
Ela sabia como agir: deu-lhe um instrumento cujas cordas testavam os sons, pois ao entrarem em contato com uma peça mágica emitiam um som diferente. Herdara esse instrumento de sua mãe, e esta da mãe dela. 
O rei Nidung achou que o plano daria certo. Reuniu pois um grupo de guerreiros bem armados e seguiu com eles para a ilha onde Wieland morava com seus irmãos. Quando viram os saqueadores chegando, os três irmãos chamaram os servos e houve uma luta sangrenta. Mas, como os guerreiros de Nidung eram muito superiores em número e em armas, os irmãos e os servos fugiram ainda com vida para urna floresta das imediações e ali esperaram até que os ladrões fossem embora. 
O assalto de Nidung tinha um único objetivo: o anel mágico. As outras jóias e pedras preciosas não lhe interessavam, pois as tinha até demais. Entre os cento e um anéis enfiados no arame, encontrou sem problemas o anel mágico graças ao instrumento que Batilde lhe havia dado. No dia seguinte, quando os irmão retomaram, ficaram muito surpresos, pois todos os seus bens permaneciam intocados. Estranharam muito a expedição de saque na qual as espadas foram desembainhadas e sangue derramado, mas nada fora levado. 
Mal Wieland imaginara o que havia acontecido, sua suspeita foi confirmada: seu anel mágico desaparecera. Era o que o rei dos Niaros queria. Caiu em profunda prostração, pois era uma coisa maravilhosa e misteriosa a posse daquele anel. A tristeza veio juntar-se um anseio ardente por algo que ele não sabia o que era. Uma intensa angústia arrebatou-o com violência, e ele só sabia que tinha de partir - para onde e por quê, não podia dizer. 
Era o amor por aquela que agora era a dona do anel que o atingira e que o mantinha cativo. Construiu um barco suficientemente grande para transportar seu cavalo Cíntilo, atravessou o mar e chegou às costas do país dos Niaros, onde Nidung era rei e Batilde usava o anel no dedo. Ali foi preso pelos guardas costeiros e levado à presença do rei, que não o reconheceu, pois durante o saque não o vira. O rei interrogou-o, querendo saber quem era, de onde vinha e para onde ia. Wieland disse que era ferreiro e se chamava Goldbrand, que havia partido em busca da felicidade e suas únicas posses eram seu ofício e seu cavalo Cíntilo. 
Então Nidung propôs-lhe ficar no seu reino e trabalhar como ajudante de seu ferreiro, Amilias. Se mostrasse perícia, com toda a certeza encontraria ali a sua felicidade. Nidung não sabia que aquele estrangeiro só tinha uma coisa em mente: conquistar a mulher que usava o anel - a quem até então nem havia visto. Wieland aceitou.
Um dia, quando enfim viu Batilde com seu anel no dedo, reconheceu o que acontecia com seu coração: estava apaixonado por aquela moça, que aos seus olhos era a mais bela e adorável de todas as mulheres. Mas ela não se importou com ele.

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