domingo, 30 de janeiro de 2011


Sobre o Eu e a Individualidade no Odinismo
(por Áistan Falkar)

Abordando o conjunto de todos os dados que temos podido apreciar no decorrer de nossos estudos dentro do Odinismo, podemos observar que em vários momentos são citados detalhes sobre as divisões dos corpos sutis de cada pessoa, detalhes sobre estes corpos, quais deles nos servemde guia para Aesgard, e como opera a lei do Wyrd sobre cada um, e sobre estes corpos e sua distruibuição.

Desta forma acabamos sabendo sobre “...a sombra que o segue...”, chamada de Fulgja, ou Ygja, dependendo da localidade, e outros nomes ainda, e bem como sobre algumas determinações sobre o que é chamado de Hame (dentro de certo seguimento que lidada com o caminho religioso setentrional), Athem, e outros.

Citado um conjunto de normas sobre a natureza pela qual as subdiviões ligadas aos termos acima, operam na aquisição de memória pessoal e seu Wyrd.

E em meio a todos estes termos, nos deparamos com uma pergunta central, que é básica para todos os nossos estudos.

A natureza do Eu, que vida a vida, podendo renascer dentro de um Clã no caso Odinista, e ligado a tantas outras conotações, quando levamos nossas mentes ao ponto de vista dos tempos em que não havíamos ainda adentrado a senda de Gudam-Wotan-Odin, sempre lembrando que o chamado que leva de volta a este caminho liga-se aos que estão por Wyrd a ele vinculados, mas podendo conforme é dito na Edda o Orlog pessoal ser alterado.

Desconsiderando-se alguns pontos ligados as religiões que pudéssemos ter tido antes de tornarmo-nos Odinistas, pontos estes que abordam mundos, cosmogêneses, símbolos e outros.

Voltemos então nossa atenção simplesmente ao “...Eu...”.

Sabemos que o Eu, essa natureza implícita dentro do contexto da geração da Humanidade via a interferência de Wotan, Lodur e Hoenir, em algo que estava em estado “...vegetativo...”, está sempre as voltas com as teias geradas pelo Wyrd.

Deve ele ser capaz de, pelas 9 Virtudes, demonstrar que pode erguer-se a Ensigart, e devem estas virtudes serem demonstrações da natureza essencial do que um ser deve ter para estar em Ensigart.

No entanto, o “...Eu...”, em si mesmo é constituído do quê?

No Odinismo Visigodo, não há a situação do Ragnarok, mas há a abordagem do mesmo como o passar sazonal das estações do ano. Sendo assim, o “...Eu...” de alguém não será destruído durante um conflito gigantesco, e mesmo que este conflito viesse a existir algo “...Individuado...”, em teoria, não pode ser dissolvido.

Mas exatamente a  nossa pergunta se refere a natureza do “...Eu...” pura e simplesmente, dentro do conceito Germânico e Visigodo.

Em outras tradições é comum ver a idéia de uma maré de ilusões que distorcem a visão do mundo a volta do Eu, e que o prendem a este mundo. Nestas tradições o conceito de Karma tem alguns pontos em comum com o Wyrd-Orlog-Krwi (Krwi é o termo Keltói para Karma).

Em nossa tradição fala-se do destino com o qual se nasce, e de como nossos atos em relação a nosso Orlog Individual e Orlog dentro do Clã, podem vir a alterá-lo, e a vida é uma forma de Conversação Direta com os Deuses.

Devo clarear um certo ponto, que pode dar mais ênfase a isto.

Certo seguimento de estudos de magia ou ocultismo, efetua um certo juramento chamado de “...Voto do Abismo...”, que visa fazer com que “...a Totalidade da Vida...” daquele que efetua o voto , venha a ser uma conversação contínua entre seu “...Santo Anjo Guardião...” e sua personalidade.

Curiosamente no Odinismo, tradicionalmente, isso já fazia parte do cotidiano e da vida dos povos que lidavam com as tradições setentrionais e germânicas.

É dito dentro do Hinduísmo por exemplo, que as tendências de alguém são guiadas por Rajas (violência e agressividade), Tamas (apatia e apodrecimento) e Sattwas (sutileza e equilíbrio), e que aquele que vence as 3 tendências (Gunas) conseque suplantar os limites da ilusão, e não mais estará preso ao ciclo de nascimentos contínuos, que prendem o “...Eu...” e o acorrentam aos nascimentos contínuos, longe da verdade “...absoluta e espiritual...”, como é dito nesta tradição.

Mais ou menos a mesma coisa, a maioria das tradições dos estudantes de magia e ocultismo dizem (porque muito do hinduísmo foi absorvido para as mesmas), tendo algumas exceções temáticas dentro do sistema dos egícpios e sumérios.

Mas existe exatamente algum conceito ilusório dentro do Odinismo? Ou mesmo há algum processo de concentração do “...Eu em Sí Mesmo...”, visando escapar de algum engôdo?

Uma vez que a Vida nos envia os desígnios de conhecimento dos Ansjus e Wanus, onde podemos ver o que nos é avisado pelos sinais indicados na mesma (ou apelativamente falando, nos usamos de Runas para tanto, dependendo na verdade da situação em sí, segundo a ética implícita no Havamal para tanto), a idéia de ilusão como é pensada pelos hindus, nos é estranha e pouco confortável.

Cada coisa em sí mesma parece nos levar a etender nosso Orlog pessoal, e o nosso Orlog do Clã, e os ancestrais podem ser um indicativo que nos ensine o que fazer neste sentido, por isso o culto aos ancestrais é tão forte neste sentido.

No entanto a vida em Midjungard é um passo para o desenvolvimento da força pessoal, das virtudes pessoais, da honra pessoal e no caso do desenvolvimento de cada um nesta “...terra média...”, é um passo para o aprendizado sobre os instrumentos que nos podem ser úteis e que atuam tanto neste mundo, quanto nos outros, isto é da alçada do Seid, Gald e outros.

O que busca em nossa conceituação o “...Eu...”, e como ele se indivualiza???

Para responder a isso, devemos pensar em outros termos.

Lembremos que os 3 presentes que retiraram os humanos do estado vegetativo em que se encontravam foram os 5 Sentidos, O Fogo Vital, e o Sopro ou Espírito (Wut Odhr).

Se pensarmos em estado Vegetativo o estado normal e Humano que o contigente dito como sendo “...humano...”, diz que vive e massacre este mundo afundando-se cada vez mais em consumismo, então estaremos começando a penetrar na natureza do Odinismo.

Ao nos ligarmos a forma de ser do Odinismo, estaremos nos obrigando a uma atitude honrada, que seja no mínimo superior ao que ocorre socialmente falando, na verdade a mesma é extremamente severa considerando-se as 9 Virtudes, e levando-se em conta que não esperamos receber nada além da perfeita aplicação destas virtudes, em troca de aplicá-las com perfeição em nossas vidas.

Se formos realmente procurar uma vida sustentada na natureza do que o Orlog e os Ansjus e Wanus nos expressam, teremos que ver a vida como um mistério a ser contado a cada um – DIA A DIA – e mesmo assim, este será o mínimo necessário dentro do que seria aceitável.

Maestria e Perfeccionismo de atitude Marcial, de cada homem e mulher dentro do Odinismo, é o ponto básico e inicial para cada um dentro do próprio Odinismo, e é muito mais do que é suportável pelos exemplos vegetativos sociais que encontramos por aí.

Este é o começo da descoberta do “...Eu...” dentro desta via, e segundo a psicologia: “...É da natureza da massa dos que vivem como grandes rebanhos não individuados,  tentar eliminar os Individuados, pois estes são provas vivas do vazio da vida da massa não Individuada...” (Jung).

Em seguida há o ponto de vista pessoal, dos símbolos pessoais e inquestionáveis por outros, ou seja, qual o foco pelo qual a vida ganha sentido e símbolo para um Odinista Visigodo ou Não?

Neste ponto estaremos falando a respeito do cunho pessoal e divino de cada um, e o meio está diretamente ligado a conversação entre o “...Eu...” e a Deusa ou Deus a qual o mesmo se liga.

Este ponto é tão pessoal que jamais e em nenhum momento será igual para outros Odinistas, pois por mais que duas pessoas que sejam adoradores de Palthan, tenham idade e aparência similares, jamais poderão destilar as mesmas coisas do contato com Palthan, isso ocorre simplesmente porque o Deus em Sí, é uma carga de força tanto Subjetiva poderosamente influente internamente, quanto é uma carga de força Objetiva poderosamente atuante por uma série de símbolos representativos, atuantes  e imanentes de sí mesmo. E a carga de informação, experiência e vivência descarregada pelo contato do “...Eu...” de um com Palthan, e do “...Eu...” de outro também com Palthan, será diferente por conta tanto do Orlog de cada um e do decorrer do que é feito com o Orlog, quanto pela natureza básica original e pura de cada um.

Sabendo-se disto, e sabendo-se que o que se busca é aprendizado e crescimento, que no caso Odinista deve ser de sí e do Clã, e que o  mundo é experimentado pelos 3 presentes enviados pelos Ansjus, e que crescemos e nos desenvolvemos por conta destes 3 presentes, resta-nos perguntar o que buscamos com a Individuação no Odinismo?

O “...Eu...” deve em algum momento se tornar tão Individuado que será tal e qual uma Espada Afiada e Untada, para usar de uma analogia.

Desta forma ele será muito mais forte do que originalmente ele mesmo era.

E por conta disto, o que este “...Eu...” Individuado ao Extremo, buscará então com este desenvolvimento? Qual é a finalidade do mesmo???

Já vimos que o hinduísmo e outros sistemas, falam da fuga da matéria e do desenvolvimento levar o ser a tornar-se puramente espíritual e poder fugir da dor e sofrimento do mundo material.

Mas também já vimos que o Odinismo vê ao mundo como um campo, tanto de plantio quanto de batalha, onde semeamos nossos objetivos para que floresçam no devido tempo, quando ouvimos o que há para nos ser relatado pelos sinais, e quando nos afiamos para a batalha, de acordo com a disciplina e com as 9 virtudes. Por isso a vida não é um mar de dor e sofrimento para o Odinista, mas é um duro campo de desenvolvimento, tendo o Orlog pessoal e do Clã como guia e recompensa, em meio aos sinais e ao que pode ser destilado por outros meios, como modernamente é usado o Futhark e as Runas, ou mesmo os métodos do Gald e Seid, entre outros.

O “...Eu...” ao se tornar Severo e Pleno, em contato com a Deusa ou Deus ao qual O Orlog o ligou, busca ser uma força de modificação e cumprimento, e ao contrário do ponto de vista do hindu a respeito do Karma, onde é dito que a melhor ação é a inação, ele busca aplicar a “...Potência Individuada...” para dar a exímia concretização do Orlog do Clã e do “...si mesmo...”, e no entanto isso pode implicar em alterar o jogo de poder que está ocorrendo tanto com outras pessoas, quanto com as relações de Midjungard a sua volta.

É dito que os ancestrais podem ser tão fortes, que venham a mexer com as teias do Orlog, de certa forma como Wotan muitas vezes o faz.

Uma Odinista ou Um Odinista, ao impor o “...Eu...” em plena potência para alguma coisa, atua exatamente como em uma batalha ou em um campo de cultivo, com o objetivo de colher a vitória, que pela natureza extremada de sua severidade e honra, sua “...Individuação...”, levam sempre a execução de objetivos ligados a Força e Excelência.

De certa forma uma Odinista ou Um Odinista, devem ser solisipsitas em seu processo de desenvolvimento pessoal, pois o que seu Orlog pessoal lhe leva, e o que ele mesmo destila em sua vida, apesar de ser empregado em muito pelo Clã, acabam sendo sempre as descobertas sozinhas e únicas de alguém que depois leva estes meios de desenvolvimento e as melhorias advindas dos mesmos, para que o Clã se beneficie disto.

Assim em seu desenvolvimento, ele será “...Só...” como se estivesse em um vácuo, que devertá preencher com seu “...Eu...”, através dos sinais, do contato destes sinais e outras vias da prática com o Deus ou Deusa a qual esteja vinculado, ou vinculada, e somente disto poderá advir o conhecimento e crescimento pessoal de cada um.

Se por um lado temos o dever de não nos levarmos pelo consumismo e outros valores torpes que são muitas vezes chamados de ilusão, por várias e várias vias e religiões, para podermos sair do estado vegetativo via os 3 presentes dos Ansjus Originais. Por outro o caminho em que usamo-nos disto ativamente ao contrário de negativamente (como é o meio hindu por exemplo), é muito diferente de qualquer abordagem usada pelas vias comuns ligadas aos Vedas.

Não temos o menor desejo de desintegrar o “...Eu...”, ou mesmo de abraçar uma experiência de inexistência nirvânica, por mais belo que isso seja cantado a todos.

Buscamos ao contrário “...Reforçar o Eu...”, e torná-lo perfeito e sem as mesmices cotidianas como o consumismo, e vivenciar em nossas vidas diárias a totalidade do espírito.

Então, nossa via não lida com os processos de “...Ação Negativa...” como ocorre no caso oriental.

Ela é uma via de “...Ação Positiva...”, onde o “...Eu...” é disciplinado, reforçado e individuado ao extremo, quando então ele mesmo se torna uma força divina em ação.

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